Entrevista de Manuela Álvares à Revista Visão








IMPACTOS NOS MAIS FRACOS
É isso que está a tentar fazer a Câmara de Matosinhos, cuja empresa municipal, a MatosinhosHabit, conquistou no ano passado o melhor índice de satisfação dos consumidores atribuído pelo Portal da Queixa, com 83,8%, ocupando assim o primeiro lugar na categoria Empresas de Gestão Municipal.
No ano passado, a autarquia liderada por Luísa Salgueiro realojou 220 pessoas. Quase metade dos pedidos era para habitação social por parte de munícipes com grave carência económica. Mas não só. O Programa Municipal de Apoio ao Arrendamento da MatosinhosHabit tem como objetivo prestar apoio financeiro a munícipes que revelem dificuldade no pagamento dos seus arrendamentos privados, e, só em 2022, abrangia 757 famílias, que recebiam um valor médio mensal de €114,13 para fazer face à renda da sua habitação. Manuela Álvares, presidente do conselho de administração da MatosinhosHabit, sublinha que "no decorrer deste ano se prevê atingir o valor recorde de investimento de aproximadamente 1,3 milhões de euros neste programa". Mas a principal fatia vai para a construção de habitação nova para uso social e a reabilitação de fogos municipais com fundos do PRR. "Nesta altura, temos 571 fogos já em fase de reabilitação, no valor de 27 milhões de euros, e temos 485 novas casas que implicam um investimento de 65 milhões de euros, para o qual fizemos a renovação do acordo de colaboração com o IHRU (Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana)", detalha a responsável, adiantando que, até ao verão, as cerca de 500 casas da construção nova já deverão estar em andamento, "até porque todas devem forçosamente estar concluídas "no prazo do PRR, ou seja, em 2026, uma obrigatoriedade que o município vai cumprir". Neste momento, estão em lista de espera 1 605 pedidos de famílias para habitação social, "um número que tem vindo a aumentar". Com 4 800 casas de habitação social, Matosinhos tem passado por um fenómeno recente de revitalização urbanística junto dos privados, que acaba por impactar aqueles que necessitam de recorrer ao mercado de arrendamento. "Preocupamo-nos muito com as famílias monoparentais com filhos dependentes e indivíduos isolados, muitos deles idosos. Ultimamente, tem-nos aparecido muita gente que vive em casa de pessoas amigas ou com situações de contratos de arrendamento a expirar e cujo prazo os senhorios não querem renovar, pois têm a certeza de que conseguem arrendar a preços mais elevados", lamenta Manuela Álvares, acrescentando que são, essencialmente, "essas pessoas que nos aparecem à porta a pedir apoio".
In. Revista Visão 27/04/2023